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Inversão de valores: profissionais da segurança pública são “demonizados” no Carnaval de São Paulo

Por Adriano Bandeira

Mais uma vez, os profissionais de segurança pública são atacados. Dessa vez, no carnaval de São Paulo, durante o desfile da escola de samba Vai-Vai. De forma completamente deturpada e desrespeitosa, os policiais foram retratados como demônios, ao serem representados com chifres e asas vermelhas. Seria isso uma inversão de valores? Quem protege e defende a sociedade deve ser tratado como demônio?

A ala foi intitulada como “Sobrevivendo ao Inferno” e teve como inspiração a banda de rap Racionais MC’s, que apresenta críticas à violência policial em suas letras. Após pressionada por diversas entidades e representantes da segurança pública, a escola de samba justificou a representação dizendo que no recorte histórico da década de 1990, a segurança pública em São Paulo apresentava altos índices de mortalidade da população preta e periférica.

Acontece que não estamos mais em 1990 e, nos tempos atuais, em que buscamos a valorização e o reconhecimento de todo o trabalho desenvolvido pelos operadores de segurança, a lamentável apresentação foi um verdadeiro desserviço. Apesar de ainda haver violência policial no Brasil, essa é a exceção e também precisa ser combatida.

A regra é que os verdadeiros policiais, aqueles que prezam por uma sociedade segura e protegida, estão nas ruas, arriscando suas vidas para combater a criminalidade e as violências que acontecem diariamente. Quando os cidadãos se sentem em perigo, a quem recorrem? Quando as pessoas presenciam determinada violência ocorrendo com outra, a quem recorrem? À Polícia. Sem pensar duas vezes, o primeiro número a ser chamado é o 190.

Não há perfeição dentro das polícias. Há sim escassez, precariedade e desvalorização, o que dificulta, muitas vezes, o atendimento à população. No entanto, o empenho e dedicação desses profissionais precisam ser levados em consideração. Afinal, são eles que deixam os próprios familiares para manter a sociedade segura.

A verdade é que não deveria haver esse tipo de discussão. O certo seria vivermos em uma sociedade segura, com educação e saúde para todos. Mas, infelizmente, as políticas públicas brasileiras ainda não foram capazes de suprir a necessidade da população e ainda há muita precariedade e falta de informação.

Quem ganha com essa demonização é o crime organizado, que se fortalece diante da tentativa de enfraquecimento da imagem policial. Os policiais não são deuses, nem são demônios. São humanos que arriscam suas vidas diariamente na tentativa de minimizar os impactos da violência e da criminalidade em todo o país. Faltou respeito, bom senso e olhar atento a quem realmente protege os interesses do povo brasileiro. A quem realmente interessa demonizar a atividade policial? Fica a reflexão.

Adriano Bandeira é policial civil, bacharel em Direito e em Ciências Contábeis, especialista em Gestão Tributária e Planejamento Fiscal, presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol) e articulista colaborador do Hora News.