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Amazonas lidera o ranking salarial dos policiais civis no início da carreira

O pior salário é do Estado da Paraíba

A desvalorização remuneratória é um dos problemas enfrentados pelos policiais civis em todo o país. A falta de um parâmetro mínimo nacional nos salários desses profissionais e de investimento são alguns fatores que geram desequilíbrio e discrepância entre as regiões e os Estados do país, levando a problemas crônicos na segurança pública.

Um levantamento feito pela Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol) mostrou que a média salarial nacional no início da carreira é de R$ 6,6 mil e no final da carreira, de R$ 14,3 mil. O levantamento leva em consideração os cargos de nível superior: agente, investigador, inspetor, comissário, escrivão, oficial, oficial investigador, entre outros. “Um importante instrumento para verificar a situação dos policiais civis brasileiros e o impacto disso na segurança pública em cada Estado”, destacou o presidente da Cobrapol, Adriano Bandeira.

O que mostra o levantamento é que há uma discrepância grande entre os salários dos policiais civis em cada Unidade da Federação. No topo do ranking dos cinco melhores salários no início da carreira estão os Estados do Amazonas, Distrito Federal, Pará, Rio de Janeiro e Espírito Santo, respectivamente. Os salários variam de R$ 12,9 mil a R$ 7,5 mil. Já no final na carreira, os salários variam entre R$ 23 mil e R$ 19,6 mil, contemplando os Estados do Amapá, Pará, Tocantins, Mato Grosso e Amazonas, respectivamente.

Para o presidente da Cobrapol, Adriano Bandeira, um dos problemas é a falta de um piso nacional, “que apenas agravam essa disparidade salarial entre as regiões e os Estados”. Além disso, ele ressaltou que os policiais civis enfrentaram, recentemente, uma retenção de aproximadamente 30% de impostos e contribuições, o que levou a uma remuneração ainda pior. “Essa remuneração total está bem abaixo para se garantir uma qualidade de vida adequada, diante do total comprometimento e da responsabilidade que os policiais têm com a sociedade, especialmente no enfrentamento aos crimes contra a vida”, pontuou.

No ranking dos cinco piores salários no início da carreira estão os estados de Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba, com salários que variam de R$ 4,9 mil e R$ 4 mil. Já os Estados do Acre, Piauí, Maranhão, Bahia e Paraíba são os salários mais baixos no final da carreira, variando entre R$ 10 mil e R$ 6 mil.

Bandeira destaca ainda que a falta de investimento na segurança pública é um dos fatores que desvalorizam ainda mais o trabalhador. “Enquanto vemos investimentos significativos direcionados para a saúde e educação, a segurança pública é frequentemente deixada de lado, em segundo plano, resultando em uma total desvalorização do trabalhador policial civil”, afirmou.

De acordo com o levantamento, a Paraíba é o Estado que tem o menor salário no início da carreira (R$ 4 mil). O valor representa 31% do maior salário do ranking – Amazonas (R$ 12,9 mil). No final da carreira, a Paraíba também tem o menor salário (R$ 6 mil), o que representa apenas 26% do valor do primeiro colocado no ranking – Amapá (R$ 23 mil).

A luta pela melhoria salarial no Estado da Paraíba já perdura há anos, segundo o presidente do Sindicato dos Agentes Operacionais de Polícia Civil da Paraíba, Charles Lustosa. Nos últimos cinco anos, segundo o presidente, foi criado um fórum de segurança da Paraíba para que iniciasse as tratativas com o governo do Estado para que deixassem de existir verbas que não eram tributadas para a Previdência e nem para imposto de renda. Consequentemente, essas verbas não iam para a aposentadoria. “Nisso, os profissionais de segurança da Paraíba tinham um prejuízo, em média, de mais de 40% ao se aposentar. Hoje temos, em média, na Polícia Civil, acima de 35% do efetivo que já ultrapassou a idade da aposentadoria, mas esses servidores não pedem a sua aposentadoria por não terem o direito de paridade e integralidade por conta dessas verbas remuneratórias”, explicou.

Charles Lustosa explica que, em 2020, após diversas reuniões, houve uma negociação para incorporar uma verba, chamada bolsa desempenho, aos vencimentos. Com a chegada da pandemia, o período de negociações ficou prejudicado. “Superada a pandemia, continuamos tentando fazer com que o governo do Estado fizesse uma recomposição salarial”, destacou.

A reivindicação atual é para que o governo do Estado alcance, pelo menos, a remuneração da média salarial do Nordeste, “para ver se a Paraíba consegue sair desse último lugar do Estado a pagar o pior salário às suas polícias do país”. De acordo com o levantamento da Cobrapol, a média salarial do Nordeste no início da carreira é de R$ 5,2 mil e no final da carreira, de R$ 10 mil.

“Sabemos que cada Estado tem uma realidade diferente, seja em questões financeiras, seja em questões estruturais. No entanto, a discrepância salarial dos policiais civis entre os estados é gigante, como pudemos observar no levantamento. A valorização dos nossos profissionais da segurança pública é urgente para que possamos obter um retorno significativo para a segurança pública do país e para a sociedade”, finalizou.

É importante ressaltar que a Cobrapol tem dedicado um trabalho de orientação aos representantes sindicais sobre a necessidade de um empoderamento político da categoria e, dessa forma, alcançar resultados mais positivos para a valorização da instituição, a exemplo da reestruturação salarial. Nesse aspecto, os Estados de Rondônia, Santa Catarina e Ceará destacam-se como exemplos positivos de conscientização política de sua base, com a eleição de representantes sindicais para deputado estadual. No que diz respeito à reestruturação salarial, já há lei prevista para que os Estados do Maranhão, Espírito Santo, Paraná e Rondônia tenham essa reestruturação feita em 2026, conforme o levantamento da Cobrapol.

Confira o levantamento completo: