COBRAPOL: Guedes Afronta de Novo Servidores Públicos e Policiais Civis com Nova Ameaça!
Mais uma vez, o governo, através de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, afronta os servidores públicos do país.
O ministro informou que está selando um acordo com o Senado Federal, na figura do presidente Davi Alcolumbre, que prevê uma ajuda aos Estados para enfrentar a pandemia do coronavírus desde que a contrapartida seja o congelamento dos salários do funcionalismo público em geral por 18 meses.
Guedes acena com um auxílio que pode chegar a R$ 130 bilhões, mas não diz como e quando o dinheiro vai chegar a Estados e municípios que estão na ponta enfrentando a doença, mas não abre mão do sacrifício dos servidores.
Mas, o que é mais grave para nós, policiais civis, é que os policiais militares terão um tratamento diferenciado, como tiveram, aliás, na reforma previdenciária, que nos tratou de forma discriminatória. Os da saúde, também, mas, nesse caso, trata-se de uma questão de justiça.
Mais uma vez, dois pesos e duas medidas, no momento em que os policiais civis estão, ao lado dos servidores da saúde e demais profissionais da segurança pública, na linha de frente no combate à epidemia.
O ministro, dentro de seu raciocínio extremamente fiscalista, afirmou que “se nós mandamos R$ 120 bilhões, R$ 130 bilhões, extraordinariamente (…) esse dinheiro não pode virar aumento de salário. Se não estaríamos nos disfarçando sob o manto de uma crise para fazermos aumento no funcionalismo no meio de uma crise extraordinária, em que milhões de brasileiros estão perdendo emprego”.
Tenta, com isso, jogar os trabalhadores da iniciativa privada contra os servidores públicos, uma hipocrisia sem tamanho, pois esses trabalhadores estão perdendo o emprego ou tendo seus salários reduzidos por conta da Medida Provisória 936/2020 que permite que o empregador suspenda o contrato de trabalho por até dois meses ou reduza a jornada e a renda de seu empregado, algo inaceitável diante da atual tragédia que não comporta mais desemprego e perda salarial.
A COBRAPOL tem insistido que existem outros caminhos para que o governo não insista em querer, reiteradamente, transformar o servidor público em bode expiatório da crise que atinge o erário público.
Senão vejamos: o orçamento do governo federal aprovado para 2020 e que já está sendo executado foi de 3,6 trilhões de reais. Para o refinanciamento da dívida pública federal reservou-se a bagatela R$ 917,1 bilhões dos cofres públicos, ou seja, 25%, ou 1/4, o que significa dizer que a União gasta, todos os meses, algo em torno de R$ 76 bilhões em encargos financeiros, recursos que servem para enriquecer, ainda mais, bancos, fundos de investimento e especuladores de todas as matizes e modalidades. Todos podem acompanhar os gastos que o governo tem somente com os juros da dívida pelo link https://www.jurometro.com.br/, que, somados aos demais encargos, chegam aos valores nominados anteriormente.
Basta o governo deixar de pagar a dívida por dois meses que terá dinheiro de sobra para socorrer Estados e municípios, entre outras ações que ainda não saíram da prateleira.
Não por outro motivo não tem recurso para reajustar o salário dos servidores públicos e, nem mesmo, para repor a inflação que corroeu sua renda, como não tem para a saúde, mesmo em tempos de coronavírus (basta ver o subfinanciamento criminoso a que o SUS foi submetido nos últimos anos), a educação, a ciência e tecnologia, a infraestrutura, e a nossa tão maltratada segurança pública.
Não por outro motivo, também, Guedes confrontou-se com o Plano Pró-Brasil lançado pelos militares palacianos que previa investimentos de R$ 300 bilhões em obras públicas relevantes ao longo de 10 anos.
Agora, dinheiro para a dívida, não falta. É por essa e outras razões que Guedes é tido e visto como um homem do “mercado”, mas não de um mercado qualquer, mas aquele controlado por bancos e especuladores que ganham às custas do sacrifício dos que vivem do trabalho e da produção.
CHEGA!
A COBRAPOL vem a público, novamente, manifestar sua indignação patriótica contra mais uma ameaça aos servidores públicos do Brasil, tão fundamentais ao povo brasileiro nesse momento crítico pelo qual estamos passando, repudiando com igual tenacidade a discriminação dos trabalhadores policiais civis frente a outras categorias cujos salários continuariam sendo reajustados.
Esperamos que os senhores senadores não se submetam à pressão e à chantagem do ministro Guedes, especialmente o presidente Davi Alcolumbre.
Os Estados e municípios, mais do que nunca, precisam de apoio nessa hora grave, mas isso não pode acontecer sob nosso sacrifício, quando os poderosos de sempre, para escárnio da Nação, continuam ganhando mesmo na crise.
Brasília (DF), 29 de abril de 2020
ANDRÉ LUIZ GUTIERREZ
Presidente